Rotina
- uma sabrina poesia
- 3 de ago. de 2023
- 1 min de leitura
Acordei já com vontade de chorar. Mas acordei atrasada por conta do "só mais um minutinho" então me atrasar chorando não é uma opção.
Não dá pra passar o delineador enquanto chora. Fica aí a ideia para a indústria de maquiagens.
Dentro do primeiro ônibus, o aleatório escolhe uma música nada aleatória sobre contar as horas para ver alguém. Não posso chorar porque obvio: estou prestando atenção no ponto que devo descer, com apenas uma mão livre e enxugar as lágrimas no ônibus é o terror da OMS.
Talvez eu perca o segundo ônibus. Aí posso chorar no ponto e vão pensar que é porque perdi o ônibus. Penso. Não que eu precise de autorização para derramar minha lágrimas: eu só preciso de tempo.
O outro ônibus chega em 5 minutos: não o perdi. Isso já é uma vitória, hein? Será que eu devia estar triste mesmo?
Olha, ainda tem lugar pra sentar. É, definitivamente a tristeza pode ser guardada para um momento mais conveniente.
Hm... No almoço. No almoço eu me dou conta de que fui ignorada novamente ou que não faço ideia de como reaproximar, sabendo que na verdade a certeza é que não devia.
Entre o levar vinte minutos pra esquentar a marmita, ficar quente demais e esperar esfriar para comer, esqueci de chorar.
Na saída, me lembro de coisas específicas demais para escrever aqui e penso: eu devia, mesmo mesmo chorar.
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