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Vazio

  • Foto do escritor: uma sabrina poesia
    uma sabrina poesia
  • 16 de ago. de 2022
  • 2 min de leitura

Eu senti o vazio me chamar outra vez. Primeiro, como um convite sussurrado à pergunta “O que você pensa que pode fazer? “ Eu quase não o ouvi.

Teimosamente, no dia seguinte lá estava o vazio batendo à minha porta: dessa vez com um tom de voz bem menos cálido: Quem você pensa que é? Me recusei a ouví-lo, afinal eu não penso que sou nada, não preciso provar nada nem mesmo à ele.

Sentindo-se insultado, ele dessa vez gritou bem perto de mim: você nunca vai sair disso, eu sempre vou voltar. Não que eu tenha medo do vazio: eu sei como fazer para ele ir embora, sei como agir e não deixar que ele leve a sanidade que a tanto custo eu tenho hoje. Quase ri diante da estupidez do vazio.

Ele não estava contente, passou a semana gritando besteiras, inventando situações e me infernizando, até quase me vencer.

Até quase me levar outra vez.

Mas lembrei, que dessa vez eu não posso deixá-lo me levar. Ele pode levar algumas lágrimas, pode levar o meu sossego por algumas horas e pode até mesmo achar que ainda manda em mim.

Mas ele não pode me levar, porque dessa vez eu sei que não quero ir. Ele me faz achar que é o que eu quero, mas não é.

Eu quero jogar bolinha de papel pra minha gata que pensa ser um cachorro, reclamar das mordidas do outro gato. Quero reclamar do frio de São Paulo e agradecer pelo sol escaldante quando começa o verão. Quero assistir novamente todos os filmes de animação que sei as falas de cor, quero ver o lançamento de adaptações ruins de livros que eu amo.

Quero ver alguém, quem sabe, lendo um livro meu no metrô.

Quero tantas coisas, e por isso só por hoje o vazio não tem como me levar.

Amanhã, preciso lembrar de novas coisas para querer.


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